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Arte: Ivo Milazzo |
Confira a trilha sonora de Ken Parker
— Ken Parker "A Verdade" (Vecchi /Tendência). Argumento: Giancarlo Berardi / Roteiro: Maurizio Mantero — Desenhos: Bruno Marraffa. Publicada originalmente no Brasil em Setembro de 1982/Editora Vecchi
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Arte: Bruno Marraffa |
Nas imediações de Bitter Creek, no Novo México, Ken Parker encontra um minerador morto, Bob Wendell. Ao chegar na cidade, com um cadáver no lombo de um cavalo, Ken descobre que o homem estava acompanhado de Jack Thalberg, agora desaparecido. Horas depois, um grupo encontra Thalberg desacordado, próximo ao local onde seu companheiro foi morto, nas imediações da Reserva Navajo. Incentivado por inconclusivas evidências, e após uma confusa conversa com o moribundo Jack Thalberg, há uma discussão entre Tavarnier, um comerciante local, e Arthur Comb, Marshall da localidade e genro de Tavernier.
O acalorado bate-boca elenca quem seriam os possíveis responsáveis pelo ataque aos mineradores. Enquanto Tavernier coloca na conta de José Santos, chefe de uma pequeno tribo de índios pastores, Comb prefere ter cautela antes de tomar medidas extremas contra os navajo. Essa busca e o confronto entre as várias 'verdades', pré-julgamentos sumários e a tentativa de ambos em elucidar o episódio, é o centro de discussão de "A Verdade".
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Arte: Bruno Marraffa |
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Arte: Bruno Marraffa |
Mary-Jo cresceu sem os irmãos e a mãe, mortos pelos índios. Seu pai, única referência familiar, o patriarca ineficiente por não ter protegido os seus, carrega uma chaga que o leva a uma visão distorcida da "verdade". Aparentemente apenas uma inofensiva coadjuvante na trama, Mary-Jo é um dos eixos centrais para o desenlace da trama, revelando sentimentos dúbios — de qual lado ela deve se posicionar — incondicionalmente dirigida por valores moldados dentro de uma conjuntura particular, atitude que será decisiva para o conflito final.
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Arte: Bruno Marraffa |
Nas duas páginas iniciais (tomando por base a edição da Tendência), em apenas 11 quadros e um número ínfimo de diálogos, Bruno Marraffa resume o centro de controvérsia de "A Verdade", narrativa visual que retornará nas páginas 28, 29, 30, 31 e 32 — pelo relato de Jack Thalberg; e nas páginas 35, 36 e 37 — como elemento da dúvida levantado por Comb, numa versão paralela dos fatos, com quadros diminuindo acima deles (página 37), recurso para demonstrar o final do raciocínio/argumentação do Marshall. O círculo rabiscado que demostra a perturbação do pesadelo (página 47) é um perfeito silogismo ilustrativo de Marrafa. Há belíssimas impressões visuais, entre elas destacamos o desenho gráfico das páginas 98 e 99 — 10 quadros e apenas dois diálogos.
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Arte: Bruno Marraffa |
"A Verdade" é um típico número musical berardiano, mesa posta para um epílogo onde o que cerra a cancela dos fatos não são as respostas, mas apenas as velhas perguntas. E dissabores como esse, onde 'a verdade' é incondicionalmente confrontada no espelho, apenas nos revela uma imagem quebrada, ou seja — parcialmente elucidativa.
Próximo episódio: "Raça Selvagem"
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Arte: Bruno Marraffa |
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