terça-feira, 10 de novembro de 2020

KP #52 A Furia de Naika

Arte: Ivo Milazzo
A reunião virtual de fãs de Ken Parker, fumetti/HQ italiano que é item de devoção do Diário Kenparkerniano, grupo formado no WhatsApp que se organizou com a intenção de cronologicamente reler e debater todos os episódios da epopeia western, também é relatado aqui no Ken Parker Blog

Confira a trilha sonora de Ken Parker

— Ken Parker "A Fúria de Naika" (Vecchi /Tendência). Argumento: Giancarlo Berardi / Roteiro: Maurizio Mantero / — Desenhos: Carlo Ambrosini e Gianpiero Casertano. Publicada originalmente no Brasil em Julho de 1983/Editora Vecchi

Arte: Carlo Ambrosini
Em busca de várias cabeças de gado roubadas de um rancho nas imediações de Culver City, na Califórnia, um grupamento civil é destacado para resgatar os animais a qualquer custo. Assim, num falso juízo, liderados pelo rancheiro Hadley, uma aldeia kiowa é dizimada. Desse modo, roubam a manada de animais e levam uma criança branca sobrevivente — um garoto que vivia entre os índios. Encolerizado, Naika, líder da tribo e pai adotivo do garoto, promove uma guerra generalizada com toda e qualquer movimentação ao qual possa ter provável relação com o episódio. Assim, na tentativa de proteger a cidade do ataque de Naika, uma patrulha de Forte Lyon é enviada a Culver City. Ao mesmo tempo, Ken Parker e um inusitado grupo formado por um ex-oficial do exército e uma jovem, partem numa carroça com o garoto em direção ao Forte. Nesse recorte geográfico, o confronto entre ambos — exército, índios e os protetores do garoto, é inevitável. 

Arte: Gianpiero Casertano
A paternidade está na pauta de "A Fúria de Naika", suas ambiguidades e protagonismos, assim como a dureza das relações entre o índio e o homem branco. Numa história sem ganhadores, as perdas são inevitáveis, por outro lado, a perspectiva de um inevitável recomeço é o traço de esperança que ecoa ao final da trama. O debate literário entre Ken e o Coronel aposentado menciona um escritor fictício — Sean Aloysius O'Fearna, na verdade, nome de batismo do cineasta norte-americano John Ford (1894-1973). As citações a O'Fearna/Ford nas páginas 61 e 62, e principalmente a da página 73 (tomando por base a edição da Editora Vecchi), na verdade não são inspiradas na literatura, mas sim no cinema. Quando Ken Parker amarra troncos de árvore das laterais da carroça, Giancarlo Berardi relembra uma cena de "Stagecoach/No Tempo das Diligências" (1939), de John Ford, com o inesgotável John Wayne.  

Arte: Carlo Ambrosini
A arte gráfica de "A Fúria de Naika" é produzida a quatro mãos por Carlo Ambrosini e Gianpiero Casertano, um trabalho primoroso que pode ser destacado em resumo nas páginas 86 e 87, com a dramática estratégia de Ken desenhada com minúcias na peripécia da carroça, principalmente quando a condução se desintegra numa caudalosa cachoeira —  um desfecho cinematográfico! 

Arte: Carlo Ambrosini 

"A Fúria de Naika" ´possivelmente não seja citada no inventário de preferências dos fãs de Ken Parker, contudo, estamos imersos numa trama com todos os ingredientes fundamentais que constroem a personalidade e a magnitude do personagem e de sua saga — recursos literários, o amplo debate promovido pela conquista do oeste, ativismo indigenista, o ideário do Destino Manifesto — uma crença de que o povo norte-americano foi eleito por Deus para civilizar o seu continente. Em suma — a história argumentada por Giancarlo Berardi e Maurizio Mantero possui ingredientes fundamentais de um bom faroeste, independente da plataforma utilizada para essa narrativa, e por que não a HQ? 

Próximo episódio: "Os Pioneiros

Arte: Gianpiero Casertano

Arte: Gianpiero Casertano

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