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Arte: Ivo Milazzo |
Confira a trilha sonora de Ken Parker
Review — Ken Parker "Assalto em Canyon City" (Editora Vechi) / "Cidade Quente" (Tendência). Roteiro: Giancarlo Berardi — Desenhos: Giorgio Trevisan. Publicada originalmente no Brasil em Novembro de 1979/Editora Vecchi
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Arte: Giorgio Trevisan |
“Assalto em Canyon
City”, como lançada originalmente em 1979, ou “Cidade Quente”, num espelhamento
ao nome original italiano e relançado pela Tendência aqui no Brasil, é uma homenagem do
Giancarlo Berardi a Donald Westlake, autor de uma centena de livros com ênfase em temas de
suspense e policiais. O sucesso de seus romances entre o público pode ser
atribuído às elaboradas tramas e diálogos que os caracterizam, e que
facilitaram que ao menos quinze deles fossem adaptados para o cinema. É caso de "À
queima-roupa" (1967), estrelado por Lee Marvin e "Os Quatro
Picaretas" (1972), com Robert Redford.
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Arte: Giorgio trevisan |
Depois de se
encontrarem no Alaska, Ken Parker e Pat O’Shane chegam a Canyon
City, no Dakota do Norte. Entre o espólio de seu falecido pai, Pat encontra uma
carta de um detetive que indica o possível endereço de Muriel Chaze, sua mãe,
que desaparecera quando ela ainda era uma criança. Chegando até o local
indicado, lá encontram Elaine Walsh. Só que no exato momento em que Ken e Pat batem na
porta da frente residência, um grupo de assaltantes está reunido na sala para planejar um
assalto sem precedentes na cidade.
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Arte: Giorgio Trevisan |
O enredo apresenta um interessante sincronismo em seu roteiro. Em determinado recorte da história, Knight narra o plano do
bando, e nesse momento, sem recordatórios, nota-se que o tempo decorreu, já que
todos estão presentes à sala. No instante em que o ex-Capitão se refere a refinaria e esmiúça
os detalhes de acesso dos portões até a avenida principal, eis que o Ken Parker
e Pat O’Shane presencialmente se materializam
no quadro. Além disso, na sequência, ele complementa as falas dos dois, detalhando
sobre cada lugar.
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Arte: Giorgio Trevisan |
A relação entre Ken Parker e
Pat O'Shane se consolida através da superação das dificuldades que eles enfrentam
juntos, na mesma medida em que estreitam os laços entre eles. E assim, aos
poucos, Ken assume a posição de irmão mais velho na vida da Pat.
Embora ela muitas vezes romantize sua relação, há maturidade em Ken Parker de visualizar apenas uma menina despreparada e sozinha para o mundo, alguém que
precisa desesperadamente de proteção. A cena final exemplifica esse afeto.
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Arte: Giorgio Trevisan |
Apesar do tema
central aparentemente ser o assalto em Canyon City, a história acompanha numa
linha subliminar a busca de Pat pela mãe, e sua relação com Elaine, com o golpe
ficando num opaco primeiro plano. Os diálogos entre ambas demonstram a
fragilidade e a carência da jovem e sua necessidade de se reconhecer ligada a uma figura materna. Mas afinal — Muriel Chase estaria utilizando o nome de
Elaine Walsh para ocultar sua verdadeira identidade? A dubiedade é ampliada
pelas coincidências entre Elaine e a mãe da garota.
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Arte: Giorgio Trevisan |
Nunca época em que a
independência feminina era praticamente inexistente, recomeçar uma vida
divorciada ou longe do marido por livre escolha era praticamente impossível
frente à sociedade do Século XIX. Desse modo, desparecer e utilizar uma falsa identidade poderia ser uma inteligente alternativa.
Outro aspecto abordado com habilidade por Berardi em "Assalto em Canyon City/Cidade Ardente" passa pela maneira em que Elaine Walsh é posicionada na trama. Em muitas obras, mulheres são subjugadas a uma condição erotizada, principalmente na posição em que a personagem atua — ligada ao ato crimimoso de um roubo. Com isso, tomando por base uma gênese estereotipada, geralmente as mulheres se utilizam da sedução como ferramenta essencial para obter sucesso nessas missões. Elaine não age assim, pois demonstra aparente discrição, ela é bem educada, e afigura aptidões de muitas das esposas retratadas naquele período. Porém ... Não esqueçamos que isso não passa de uma dissumulação. Mas, de todo o modo, é assim que ela surge nas páginas de "Assalto em Canyon City/Cidade Ardente" — como mulher recatada (apesar de uma única cena apimentada).
Outro aspecto abordado com habilidade por Berardi em "Assalto em Canyon City/Cidade Ardente" passa pela maneira em que Elaine Walsh é posicionada na trama. Em muitas obras, mulheres são subjugadas a uma condição erotizada, principalmente na posição em que a personagem atua — ligada ao ato crimimoso de um roubo. Com isso, tomando por base uma gênese estereotipada, geralmente as mulheres se utilizam da sedução como ferramenta essencial para obter sucesso nessas missões. Elaine não age assim, pois demonstra aparente discrição, ela é bem educada, e afigura aptidões de muitas das esposas retratadas naquele período. Porém ... Não esqueçamos que isso não passa de uma dissumulação. Mas, de todo o modo, é assim que ela surge nas páginas de "Assalto em Canyon City/Cidade Ardente" — como mulher recatada (apesar de uma única cena apimentada).
Entre espelhamentos
com a grande tela, Burt Lloyd, o auxiliar do Xerife é a cara do Clark Gable,
assim como Edgar Hansen tem seu rosto baseado no ator David Carradine? A conversa
entre um dos bandidos e o telegrafista, que fala da namorada escondida atrás do
sofá, é digna de um filme de comédia. É preciso denotar a estreia de Giorgio Trevisan, desenhista que é muito estimado pelos fãs de Ken Parker.
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Arte: Giorgio Trevisan |
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